25 novembro 2009

Viva o 25 de Novembro de 1975

"O episódio simbólico da mudança na correlação de forças, nesse período que durou de 24 a 28 de Novembro, é quase anedótico. No dia 25, o (então) capitão Duran Clemente - segundo-comandante da Escola Prática de Administração Militar, que tinha ocupado a RTP - falava em directo na televisão, explicando as teses da facção mais esquerdista. De súbito, começa a dizer que lhe estão a fazer sinais, pois parece que há problemas técnicos, anunciando que voltará ao ar quando tudo estiver resolvido. Entretanto, a imagem do oficial fardado é substituída pela de Danny Kaye, no filme O Bobo da Corte."* O actual figurino político português ficou definido com o 25 de Novembro de 1975. Ano e meio após o 25 de Abril, que derrubou o regime fascista, novo confronto militar derrotava as facções ideológico-militares que preconizavam o poder popular e fazia vigorar os princípios da democracia representativa. Numa leitura simplista, as teses da extrema-esquerda (e, também, do PCP) não resistiam ao sistema defendido por PS, PSD e CDS. A convulsão tomava conta do país. Viviam-se as vésperas de mais um golpe que foi evitado, foi a derrota, sem sangue, do PCP e dos grupos de extrema-esquerda. A nós, à nossa geração, contaram-nos, na escola e não só, detalhadamente e até à exaustão o dia 25 de Abril de 1974, mas sobre o 25 de Novembro nada! Deveríamos comemorar esta data histórica que pôs fim à tentativa totalitária de implantação de um regime marxista em Portugal. Note-se que tão importante como o 25 de Novembro é o 28 de Setembro de 1974 ou o 11 de Março de 1975. Em 28 de Setembro de 1974, deu-se o último fôlego das forças políticas que pretendiam um regresso ao 24 de Abril de 74. Em 11 de Março de 1975 dá-se o assalto ao palácio de Inverno, com um Conselho de Revolução e a colectivização dos principais meios de produção, com o rombo económico que isso significou e que foi realmente o aspecto mais importante a seguir ao 25 de Abril, e que a Constituição consagrou. Por isso, o 25 de Novembro, para mim, foi mais um marco de definição de rumo, com opção do PCP pelo mal menor. O PCP sabia que a colectivização e a esquerdização geral do país lhe assegurava, por muitos e bons anos, entre 6 a 12 por cento de resultados eleitorais. E isso, para eles, chegava.
* In Diário de Notícias, 25-11-2009

1 comentário:

Anónimo disse...

Comunistas pó caralho!