Há muito muitos anos, havia um menino que como todos os meninos era traquinas e reguila. Esse menino, chamemos-lhe o Cabeças, era dado a muitas birras – ainda tem muitas birras e ainda é um menino, mas isso fica para outra história – no fundo era um incompreendido.
O Cabeças tinha um amigo imaginário, um poderoso super-herói. Era o supergel. O supergel protegia o Cabeças das valetas da vida mas naquela noite de circo nem o supergel valeu ao Cabeças.
O menino ainda aguentou estoicamente as piadinhas dos meninos e das meninas que estavam atrás dele “ ò cabeças, baixa os cornos”, “ ò cabeças, és um menino”, ainda resistiu à saufage ligada sem poder abrir e fechar o vidro do circo continuamente, ainda conseguiu esboçar um sorriso quando viu um ex-portageiro da brisa a fazer de palhaço pobre mas quando viu a entrada do elefante tromba-rija na pista os seus receios mais profundos vieram à tona. O elefante tinha não quatro, mas sim seis patas! Eh elefante dum catano. O Cabeças começou num berreiro e num choro tal que nem o supergel foi capaz de limpar aquela nódoa da vida do menino. Tiveram que abandonar o circo a toda a pressa, para o Cabeças poder lacrimejar à vontade.
Uns tempos depois, enquanto a madrinha fazia de babysitter ao Cabeças, ela aproveitou para ir curtir com o namorado (sic). Não correu bem, o Cabeças atrás da porta chorava a plenos pulmões que até a madrinha se sentiu culpada por ter descurado o pobre Cabeças (sic). Ainda hoje não se sabe se o motivo do choro do Cabeças foi ter espreitado pela fechadura e ter reencontrado o seu amigo tromba-rija.
Este conto de Natal fica por aqui, a moral da história ainda estou para descobrir qual é, mas o certo é que o Cabeças ainda hoje tem pavor de elefantes.
Vitória, vitória …
ps: esta história não é um mito, ao contrário do mito do menino.