O que é que se bebe aqui? - A Ginjinha

A ginjinha é por excelência a bebida popular dos alfacinhas. E que bela bebida que é, devo dizê-lo. A pergunta sobre qual a hora indicada para se beber uma ginjinha tem uma resposta fácil e óbvia: sempre. Sempre que houver oportunidade. Seja de manhã cedo, antes da refeição, ou a meio da tarde uma ginjinha calha sempre bem e aconchega. À noite então, é caso para se dizer, uma ginjinha cai que nem ginjas.

Ao entrar numa das inúmeras tendas de ginjinha de Lisboa ou se sabe ao que se vai e se pede logo ou ouve-se a tradicional pergunta: ‘Com elas ou sem elas?’ a resposta não é fácil…

A ginjinha é uma excelente bebida, de teor alcoólico adequado e de trago fácil. Deve ser bebido com convicção e em porções que façam justiça ao seu carácter. Não é uma bebida para todos, é apenas para verdadeiros apreciadores.

A ginjinha, ou simplesmente ginja, é uma bebida obtida a partir da fermentação da fruta da ginja adicionada a uma bebida destilada (aguardente). Os restantes ingredientes variam conforme as particularidades do mestre ginjeiro - na primeira foto dest post pode-se ver uma ginja de produção caseira que conheço de ginjeira.

A não perder: No largo de S. Domingos há a Ginjinha do Rossio, no Rossio a Tendinha cantada pela Hermínia Silva, nas portas de S. Antão encontramos a Ginjinha Sem Rival do Eduardino, a Ginjinha Rubi na R. de Barros Queirós ou o Pirata nos restauradores.

Dicas: ‘Com elas ou sem elas?: caso queiramos apenas beber 2 ou 3 ginjinhas podemos beber com elas e aproveitar os momentos subsequentes para ruminar o caroço da ginja até que finalmente os cuspimos a uma distância apreciável ou fazemos por acertar em qualquer alvo que nos apareça; se pelo contrário vamos beber à séria então não há que perder tempo e é mesmo sem elas para se poder beber o copo de um trago enquanto o próximo é atestado.

Léxico: conhecer de ginjeira – diz-se de alguém com quem costumamos beber umas ginjinhas.

Lendas : consta que existiu em tempos uma tendinha no início da cç da Glória onde era entrar e sem nada se pedir nos começavam a servir ginjas. E outra e outra e outra .. e mais outra. Apenas se tinha de dizer que ‘já chega’ e seguir então para o cinema. Os filmes eram sempre muito bons, ou pelo menos animados.

Mitos: “Dona Fedúncia da Costa/ delambida e magrizela/ fez de ser tola uma aposta/ diz que ginginha nem vê-la/ porque coitada não gosta// O irmão que sabe a virtude/ d’esta divina ambrosia/ é gordo como um almude/ bebe seis copos por dia/ por isso goza de saúde”.

Eis Hermínia Silva a interpretar o fado da tendinha: